31/10/2008

Citação

Post retirado de Profavaliação:

Vem em todo o lado. O Público dá-lhe um grande destaque. Se o ministério aceitar uma recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE), os alunos deixarão de reprovar na escola até que completem os 12 anos. A proposta, revelada ontem no “Diário Económico” baseia-se nas recomendações da OCDE.


No projecto de parecer “A educação das crianças dos 0 aos 12 anos”, o CNE sugere, em alternativa ao chumbo, “medidas eficazes de apoio”, como “intervenções aos primeiros sinais de dificuldades e estratégias de diferenciação pedagógica”.
Segundo o CNE o actual sistema que obriga o aluno a repetir o ano em caso de uma avaliação negativa dos seus conhecimentos, penaliza exclusivamente o aluno e as famílias numa altura em que a escola tem de partilhar a responsabilidade pelo insucesso. “Há alunos que acumulam insucessos em anos educativos, ficando desenquadrados nas turmas em que são colocados e, em muitos casos, não encontrando alternativas a não ser o abandono”, diz o documento que frisa que o aluno é penalizado por uma falha do sistema.

Ana Maria Bettencourt, relatora da recomendação do CNE, lembra ainda que, segundo estudos da OCDE, as dificuldades dos alunos portugueses prendem-se na maior parte das vezes com graves problemas a nível sócio-económico e que os alunos não encontram na escola uma saída para os seus problemas.

Comentário do autor dos post:

Conheço a Ana Maria Bettencourt há mais de 25 anos. É uma mulher voluntariosa e bem intencionada mas esteve sempre do lado errado da barricada em tudo o que diga respeito à educação. Foi ela a mãe de uma das maiores inutilidades pedagógicas do sistema educativo português: as Actividades Curriculares Não Disciplinares. Nunca a vi defender uma proposta sensata em Educação. Nunca a vi defender a primazia dos conteúdos face ao discurso oco das competências vazias. Nunca a vi defender o reforço dos conteúdos funcionais relacionados directamente com o ensino. Esteve sempre comprometida com as políticas educativas do PS. Foi conselheira para a Educação de Jorge Sampaio. É uma veterana do Conselho Nacional de Educação. Há mais de 25 anos que a oiço dizer que as reprovações não resolvem problema nenhum e que a escola e os professores têm de dar respostas aos problemas que os alunos trazem de casa. Sempre o mesmo discurso: a culpa é dos professores que não sabem ensinar, que desvalorizam a cultura materna dos alunos, bla´, blá, blá...Sempre a mesma retórica a desresponsabilizar os alunos e a tratá-los com indigentes intelectuais e coitadinhos. Sempre a mesma defesa de um paradigma de escola assistencialista e de uma perspectiva do professor assistente social.
Quanto ao CNE, apenas meia dúzia de palavras. Fui membro do Conselho Nacional de Educação na década de 90, durante 3 longos e penosos anos. Fui membro do CNE por indicação das associações pedagógicas. Aceitei porque não sabia o que aquilo era. Verifiquei depressa que aquilo era um órgão inútil, repleto de individualidades (membros de partidos, dos sindicatos, das associações de pais e personalidades do mundo das ciências da educação) há muito tempo afastadas das escolas. O que caracterizava aquela gente era, naquela altura, a insensatez das propostas, a defesa do experimentalismo pedagógico, o discurso anti-conteúdos e a retórica do aluno coitadinho, a quem tudo se desculpa e nada exige. Fugi de lá logo que pude e nunca mais voltei.


Meu comentário:
Leio, e não quero acreditar, as sucessivas entradas do blog de Ana Maria Bettencourt há muito tempo. Está lá tudo aquilo co que não concordo e que designo deliberadamente por eduquês: a desresponsabilização dos alunos, a culpabilização dos professores, o romantismo construtivista, o experimentalismo pedagógico, o espírito missionário da docência, o apelo ao multiculturalismo (sinónimo de uma profunda ignorância filosófica e de um lamentável anacronismo conceptual), a defesa do relativismo moral, a deificação da Escola Moderna, o ódio aos exames, a lógica da panelinha, em que todos se protegem uns aos outros. Enfim, tudo aquilo que é verdadeiramente detestável em matéria de educação.

Quem quiser que os ature.

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