21/01/2007

Prato do dia

Liberdade de expressão à moda do Islão

19/01/2007

Hilariante!

P. G., no "A educação do meu umbigo": Os professores não podem chegar todos a generais, mas já podem chegar a generalistas!

18/01/2007

Rousseau outra vez

Reproduzo aqui uns posts que coloquei no "OutrÒÓlhar":


Anthony Kenny, na sua História concisa da Filosofia Ocidental (Temas e Debates, em português), refere que "Rousseau escreveu um livro, "Confissões", repleto de pecados e pouca filosofia. Teve uma relação durante toda a vida com uma criada [e não apenas com ela] da qual teve cinco filhos que abandonou, um após o outro, num hospício para enjeitados. (...) Defendeu, para horror dos enciclopedistas que "as artes e as ciências têm um efeito funesto sobre a humanidade". A este ensaio seguiu-se um outro - o Discurso sobre a desigualdade - que defendia que o homem é naturalmente bom e que as instituições o corrompem." Zangou-se com Voltaire e escreveu "Emile", obtendo como resultado das suas "doutrinas inflamatórias" a necessidade de fugir para a Suíça, mas também de lá foi obrigado a fugir. Obteve refúgio em Inglaterra, a expensas de David Hume, "mas rapidamente a sua paranóica ingratidão se tornou excessiva mesmo para a paciência de David Hume, de modo que regressou a França, apesar do risco de prisão". O Contrato Social, a sua obra mais importante, afirma que "O homem nasce livre e por todo o lado está acorrentado": Rousseau pensava que "a sociedade nasce quando a vida no estado original de natureza se torna intolerável". Pela vontade geral, celebra-se um contrato social pelo qual o indivíduo aliena a favor da comunidade todos os seus direitos e desiste de todas as pretensões a eles. Mas o que é a vontade geral? Nas palavras de Rousseau, "a vontade geral não é a vontade de toda a gente". Kenny explica: a vontade geral ocorre sob duas condições: 1. que cada eleitor esteja completamente informado; 2. que nenhuns eleitores estejam em comunicação entre si", de forma a evitar a formação de partidos. Apesar da sua preocupação com a vontade do povo, Rousseau não parece importar-se muito com... o povo. Rousseau não era apoiante da prática democrática: diz o próprio que "se existisse uma nação de deuses, seria uma democracia; mas um regime tão perfeito não é próprio para homens." "Dispor as coisas de modo a que os sábios governem as massas é o melhor e mais natural arranjo que pode fazer-se". "Claro que os ricos terão a seu cargo a maior parte da governação: têm mais tempo para isso. Mas, de tempos a tempos, deve eleger-se um homem pobre para dar ânimo à populaça." E Kenny, na sua qualidade de filósofo, explica: "trata-se de uma ideia incoerente em termos teóricos e vácua em termos práticos. (...) Inútil". A noção de vontade geral está na génese da ascensão do déspota Napoleão. Kenny descreve o movimento romântico como "um passatempo de ociosas amimalhadas", exemplificando com o ideal de retorno à vida rústica da aldeia que as cortesãs pregavam, apascentando cabras em jardins cuidadosamente floridos.

Brian Magee, conhecido divulgador da Filosofia, escreve na "História da Filosofia" (Civilização) que"Rousseau nasceu em Genebra, na altura um estado independente, e nunca foi um admirador da cultura francesa, nem tão-pouco de cultura nenhuma." As suas ideias "pedagógicas" encontram-se ligadas aos seus ideais políticos: "uma criança que cresce numa sociedade civuilizada é ensinada a refrear os seus instintos naturais, a reprimir os seus verdadeiros sentimentos, a impor as categorias artificiais do pensamento conceptual sobre os seus sentimentos e a fingir que pensa e sente coisas que não sente nem pensa. Por conseguinte, a civilização é corruptora e castradora dos valores verdadeiros". Assim, o que devemos fazer é "mudar a civilização de forma a possibilitar aos nossos instintos naturais uma expressão completa e livre. Rousseau defendia mudanças fundamentais na educação para libertar o indivíduo das grilhetas da civilização. O seu ponto central é que a educação não deve ter como objectivo reprimir e disciplinar as tendências naturais da criança, mas, pelo contrário, incentivar a sua expressão e desenvolvimento. O principal veículo de instrução não deve ser a instrução verbal, muito menos a livresca, mas a prática e o exemplo. O ambiente natural para que isso possa acontecer é no seio da família e não da escola; e os seus incentivos naturais são o amor e a simpatia, e não as regras ou os castigos." É evidente que o Emile, onde se encontram estes princípios pedagógicos, se constituiu desde então como a Bíblia do pedagogismo delirante. Ainda segundo Magee, Rousseau constitui a génese dos movimentos totalitaristas - tanto o fascismo como o comunismo´. Foi também crucial no desenvolvimento do pensamento anarquista do século XIX. E Magee termina considerando que "os perigos [desta maneira de pensar]são vários, mas temos de arranjar maneira de viver com eles."

Já aqui escrevi sobre Rousseau. Quem tiver interesse, pode consultar este post, este, este e ainda este.

14/01/2007

Para quem ainda tem dúvidas

Se alguém ainda duvida de que o eduquês não passa de um monte de estrume, leia-se o último artigo de José Pacheco. Até onde pode ir a miséria humana?

12/01/2007

Guia para principiantes

Reproduzo aqui um post que deixei num dos mais interessantes blogs sobre educação: a educação do meu umbigo.

Não consigo compreender os ataques soezes que têm sido feitos a Nuno Crato - e não apenas a ele. Parece-me óbvio que em qualquer disiplina o primado deverá ser científico, e não pedagógico. Não é admissível que um qualquer formado em Ciências da Educação dê palpites sobre o que deve ou não ser ensinado em Matemática, em Filosofia ou em Música: a orientação geral da disciplina deve ser feita pelos matemáticos, pelos filósofos ou pelso músicos. O meu argumento torna-se mais evidente se o enunciar desta forma: bem pode um mestre eduquês dizer-me que tenho de ensinar música a um miúdo começando pela ordem dos sustenidos - que é bastante intuitiva à custa de uma velha ladainha - se eu, formado em música, considero que antes de mais ele deve saber quais são as notas musicais.
Consequentemente, antes de ensinar aos matemáticos, aos filósofos e aos músicos o que devem leccionar, talvez os brilhantes pedagogos devessem saber o que é um polígono, um argumento ou um si bemol.

03/01/2007

A esquerda enganou-se

O texto desta semana do inefável José Pacheco demonstra, por redundância, aquilo que me fartei de dizer ao longo dos últimos meses: a esquerda enganou-se. Ou foi enganada. Aliou-se ao discurso do eduquês, deu a mão aos pedagogos pós-modernaços bem-pensantes e bem-falantes e vê-os agora a tirarem-lhe o tapete. Temos então a paradoxal situação de vermos um dos eduqueses da praça a dizer exactamente o oposto daquilo que é dito pelos sindicatos da fenprof.

É muito bem feito.