26/10/2005

Para ler

Um artigo sobre as opiniões pedagógicas de Nuno Crato (devo dizer que assino por baixo aquilo que diz Nuno Crato); as críticas que não li ao artigo que não quis ler de Miguel Sousa Tavares; uma muito curiosa partilha de experiências de professores europeus sobre o número de horas de trabalho em cada país - e não, não apareceu lá nenhum finlandês a reclamar que passa 50 horas na escola :). Para terminar em beleza, um artigo que questiona as "Ciências" da Educação e um outro sobre os paradigmas pós-modernaços.

25/10/2005

A formiguinha produtiva - uma fábula sobre o retrato de um país conhecido?

Era uma vez uma formiga, feliz e produtiva, que todos os dias chegava cedo ao seu trabalho. Passava o dia a trabalhar com alegria e até cantava, tal era a sua felicidade. Sendo feliz, o seu rendimento era excelente. Mas não dependia de um director de serviços.

O Vespão, presidente da empresa, considerou que a situação já não era suportável e criou um posto de director de serviços.
Recrutou a Joaninha, com muita experiência.

A primeira preocupação da Joaninha foi organizar os horários de entrada e saída da formiga, criar um serviço de gestão para o trabalho da formiga e ficheiros informáticos.
E rapidamente necessitou de uma secretária para a ajudar.


Recrutou uma Aranha, que organizou um sistema de classificação, sendo ainda encarregue dos telefonemas.
Entretanto a formiga feliz e produtiva trabalhava, trabalhava, trabalhava!

O Vespão, presidente da firma, cada vez mais feliz, encomendou um estudo comparativo, com gráficos, de análises de tendências à Barata, e para isso, nomeou-a coordenadora.

A formiga, feliz e produtiva, começou a baixar o seu ritmo de trabalho, queixando-se que perdia muito tempo com toda a papelada que lhe era exigida.

O Vespão, presidente da firma, considerou que era tempo de tomar medidas.
Criou um posto de chefe de divisão para controlar a formiga, feliz e produtiva.
O posto foi atribuído à Cigarra.

A primeira decisão da cigarra foi mudar todo o mobiliário do seu escritório. Exigiu uma cadeira ergonómica e um novo computador.
A nova chefe de divisão, por sua vez, começou a sentir necessidade de ter um adjunto para preparar o plano estratégico e o orçamento para o novo serviço.

O tempo passava e a formiga começou a ficar menos feliz e sobretudo menos produtiva.

Cigarra achou necessário encomendar um estudo sobre o clima social na empresa.
O Vespão, presidente da empresa,
ao examinar os gráficos do rendimento do serviço da formiga, feliz e produtiva, apercebeu-se que esta já não era tão rentável como antes.


Recrutou então os serviços de um prestigioso consultante, o Mocho, para fazer um diagnóstico da situação e encontrar soluções.
O Mocho esteve em comissão durante 3 meses na empresa, ao fim dos quais entregou um relatório ao Presidente.


O relatório concluía que havia funcionários a mais no serviço.
Perante tal facto o Vespão, presidente da firma, seguiu as recomendações e despediu a formiga.

Moral da história:
Evita seres uma formiga feliz e produtiva.
Mais vale ser incompetente e não servir para nada.
Os incompetentes não precisam de contrôle. Todos sabem que são incompetentes.
Se és produtivo, não mostres a ninguém que és feliz no teu trabalho, porque ninguém vai perdoar a tua felicidade.

Se teimas em ser a formiga, feliz e produtiva, cria a tua própria sociedade, assim não serás obrigado a alimentar o Vespão, a Joaninha, a Aranha, a Cigarra, o Mocho e a Barata.


A história é baseada em estudos científicos feitos por universitários que demonstraram que a maioria dos seres humanos tem tendência a transformar-se em carneiros.

Como ficar mal disposto em 2 minutos

"Eu trabalho com professores há 5 anos. É uma experiência perfeitamente alucinante. Aliás é muito mais do que isso, é um verdadeiro pesadêlo que vai desde a falta de profissionalismo até ao limiar da imbecilidade." *** A actual Ministra da Educação passou para o público a imagem de que a classe dos professores é"um bando de incompetentes, pouco honestos, faltosos e principescamente pagos." *** "Ora, o ME tem meios para actuar sobre os professores, bastando-lhe pôr a IGE a cumprir o seu papel. " *** "os resultados [dos rankings]não vão repetir-se por muitos mais anos porque, das duas uma, ou aparecem ou desaparece o sistema público de ensino" *** "O trabalho do professor (ou de quem quer que seja) não é esforçar-se, é apresentar resultados. Se para isso tem de trabalhar 10, 20 ou 70 horas por semana é problema seu" ** "O objectivo do sistema de ensino é ter alunos educados, não é ter professores" ** "Se os bons profissionais são a maioria no ensino, como se justificam os resultados?"
O Governo de Sócrates tem intenção de fechar 3500 escolas. Pergunta a FENPROF se significa isso que as crianças terão de fazer uma hora de viagem para ter aulas em concelhos como Viseu.

Entretanto, os rankings continuam a denegrir a imagem do ensino público: as escolas públicas têm piores resultados - mas não escolhem os meninos em função da sua pertença ou não à Opus Dei.

Há uma petição on-line que surge no seguimento de uma Carta Aberta escrita por dois professores. Adivinham-se tempos de guerrilha...

Até quando valerá a pena tudo isto?

22/10/2005

"Que ministra é esta???" - Leitura a não perder

No blog do eccerui http://nafloresta.blogspot.com/ encontramos, entre outros, este magnífico texto. Nele, o autor elenca de A a Z toda a “falta de educação” da “dona da educação” deste país. Pena, no Me, não haver aulas de reforço para Analfabetos! Acho que, essas, qualquer um de nós daria de graça, na tentativa de acabar com a “iliteracia educacional” de quem, sentado a uma mesa, pensa saber o que é uma escola real, com putos reais e professores reais. Um texto a que “não falta uma vírgula” … está lá tudo!!! Parabéns eccerui!

21/10/2005

Ministra dá entrevista no Público

Pode ler a entrevista da Ministra aqui (texto retirado de www.sinape.pt)

20/10/2005

Quem aprende mais?

Filhos de pais ricos melhores alunos

Há uma forte relação entre o nível sócio-económico-cultural e o desempenho escolar dos alunos. Esta foi uma das conclusões a que chegou um estudo feito ao longo de cinco anos em 31 escolas com ensino secundário. Durante a apresentação dos resultados, os investigadores criticaram a organização de listagens - vulgarmente conhecidas por "rankings" - das escolas secundárias que serão divulgadas depois de amanhã, por constituirem a imagem mais "liofilizada e ignorante" que se pode ter sobre o que é uma escola.

Em 31 escolas - 18 públicas e 15 privadas - foram aplicadas mais de 187 mil provas por ano, sendo mais de 70 mil de conhecimento e e as restantes de opinião, conhecimento e valores.

No que concerne ao aproveitamento escolar dos alunos, ficou constatada a existência de uma forte relação entre o nível socio-economico-cultural no desempenho dos alunos. O que demonstra que a origem social dos jovens explica as diferenças do sucesso obtido por eles.

Também a análise dos vários tipos de raciocínio dos alunos (numérico, verbal e abstrato) permitiu concluir que quanto maior é o contexto socio-economico-cultural maiores são os resultados.

Acrescente-se ainda:

As capacidades de raciocínio dos alunos portugueses são as mesmas de há 20 anos. A aplicação de um inquérito em 33 escolas, no âmbito do programa AVES - Avaliação do Escolas com Ensino Secundário -, demonstra que não houve evolução no nível intelectual dos estudantes desde 1985. Este trabalho, que está no terreno desde 2000, avalia ainda outros factores, nomeadamente os conhecimentos adquiridos pelos alunos a matemática e português. E, contrariamente ao que se poderia pensar, os estudantes do 7º ano e 9º ano sabem mais hoje do que há três anos.

Greve dos professores reúne mais apoios

Sete sindicatos independentes dos professores anunciaram ontem estar a ponderar a realização de uma greve em Novembro, juntando-se aos três principais sindicatos num protesto contra medidas do Ministério da Educação (ME).

Na terça-feira, em conferência de imprensa conjunta, a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, a Federação Nacional de Professores e o Sindicato Nacional e democrático dos Professores, anunciaram a realização de uma greve em Novembro, em data a definir.

Ontem, mais sete sindicatos, entre eles a Associação Sindical dos Professores Licenciados, o Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados pelas Escolas Superiores de Educação e Universidades e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos, uniram-se a esta iniciativa.

Contudo, a decisão final está dependente de uma reunião com a FNE, marcada para 27 de Outubro.

Para além da greve, os sindicatos ponderam outras formas de luta como uma manifestação ou a afixação de faixas de descontentamento nas capitais de distrito.

O Estado poderia poupar mais de um milhão de euros se fizesse a contratação directa

O Estado poderia poupar mais de um milhão de euros se fizesse a contratação directa, pelo Ministério da Educação, de professores de inglês (grupos em que existem 4 336 docentes desempregados) para o ensino desta língua no ensino básico, garante a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL).

O ministério optou, no entanto, por fazer com que "o inglês no primeiro ciclo passe para as mãos das escolas de línguas" - não acautelando a situação dos desempregados e, simultaneamente, desperdiçando recursos humanos qualificados -, o que representa um acréscimo substancial da despesa.

Baseada num estudo sobre a matéria, inquirindo 80 das 222 autarquias que já tinham assumido o programa, a ASPL denuncia que o ministério disponibiliza cerca de 19 milhões de euros (cem euros por cada um dos cerca de 190 mil alunos envolvidos), quando lhe bastaria, se recorresse aos professores desempregados e/ou subaproveitados, despender menos um milhão de euros, pelo menos, já que as contas da associação não consideram subsídios de desemprego de muitos destes professores desempregados.

A questão, sublinha ainda Maria Martins, vice-presidente da ASPL, não deve ser reduzida ao aspecto meramente económico, porque, com esta atitude, a tutela está a agravar o desemprego e a promover a privatização da educação, pois 30% das autarquias estão a utilizar professores dos institutos privados para leccionar inglês ao primeiro ciclo, revela o estudo.

A disparidade de vencimentos é outro dos reflexos do "descalabro, desresponsabilização e desarticulação" do ministério na implementação deste programa, acusa a ASPL, questionando se a tutela sabe que um docente de inglês pode receber sete ou 15 euros por hora e se já averiguou as causas.

Escolas que reprovaram muitos alunos vão fechar

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, revela, em entrevista publicada na edição desta quinta-feira do jornal Público, que 512 escolas, maioritariamente do 1.º ciclo, com menos de 20 alunos e uma elevada taxa de insucesso escolar, vão encerrar já no próximo ano.

Quanto ao dinheiro e apesar do orçamento do ministério registar apenas um crescimento de 0,2%, Maria de Lurdes mostra-se pouco preocupada, destacando o trabalho feito na redução das despesas de funcionamento, conseguido com a diminuição no número de professores integrados no sistema - «temos menos de sete mil professores no sistema do que em 2004», refere – e o congelamento das carreiras.

Quanto ao aumento do PIDDAC, a ministra promete que vai ser canalizado «para a melhoria da rede escolar», uma vez que existem problemas «nas zonas urbanas, na região de Lisboa e no Porto, com escolas antigas que estão degradadas».

Planos para Desempregados

237 milhões para empregar cem mil jovens licenciados

O Plano Nacional de Emprego (PNE), ontem apresentado pelo Governo, destina uma verba de 237 milhões de euros à integração no mercado de trabalho de cerca de 108 mil licenciados inscritos nos centros de emprego.

Um dos objectivos do PNE é conseguir que todos os desempregados com qualificações superiores vejam os seus casos tratados entre Outubro e Dezembro de cada ano, de preferência, acedendo de imediato a um emprego ou efectuando um estágio profissional.

Este programa de intervenção específica para desempregados contempla ainda outros alvos - trabalhadores com níveis de qualificação mais baixos, jovens desempregados com poucas habilitações e os grupos sociais mais afectados pelas desigualdades territoriais e sectoriais no mercado de trabalho.


E há uma feira de emprego em Lisboa:


A 7ª Feira de Emprego e Formação de Lisboa abre na sexta-feira ao público com cerca de 3.000 empregos disponíveis. Com entrada gratuita, a iniciativa decorre até sábado na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, noticia o Público.


De acordo com o jornal, a feira é organizada pela Jobfair e contará com a presença de cerca de 30 empresas das áreas de consultadoria, recursos humanos, segurança, comunicações e novas tecnologias, entre outras.

Em declarações ao jornal, o director-geral da Jobfair, João Carlos da Costa, afirmou que a grande vantagem em visitar a 7ª Feira de Emprego e Formação de Lisboa é poder encontrar num só sítio várias oportunidades de emprego.

As portas da Gare Marítima de Alcântara estão abertas entre as 12:00 e as 21:00 horas.

18/10/2005

Professores marcam greve nacional para Novembro

«Fenprof, FNE e Sindep unidos. A Federação Nacional de Professores (Fenprof), a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) e o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep) marcaram hoje uma greve nacional para Novembro, em protesto contra as medidas anunciadas pelo Governo para o sector.»

Esperemos que não seja apenas contra o aumenta da idade de reforma. Esperemos que seja também por nós!!!
Esperemos que desta vez, seja por que for, os professores mostrem que são boa gente... e que sentem as injustiças dos inaptos que governam o país.

15/10/2005

Não somos fazedores de milagres!!!!!



As medidas relativas à aposentação são de carácter geral, abrangem toda a função pública, é a desculpa para alargá-las a todo as profissões. Sendo assim, têm-me confrontado com a hipótese da ME não ter margem de manobra para dialogar com a classe a esse respeito. Parece que não é a única porque outras profissões e outros ministros se encontram na mesma situação


E o problema é mesmo esse ... não apenas com o ME!... É com um conjunto de serviços e actividades diferentes. Todas aquelas que tinham regimes especiais exactamente porque desempenham funções específicas e cuja idade, a partir de certa altura, não se coaduna com as exigências do serviço que prestam.

Parece, portanto, que o problema está exactamente no não terem sido ouvido os ministérios e os representantes dessas actividades/profissões para que fosse estabelecido um acordo que satisfizesse todos e que de alguma forma pudesse fazer a ponte entre o pretendido e as especificidades de cada profissão.

Não me queiram convencer que a ME e os outros Ministros ficaram “de pés e mãos atadas” com a decisão do governo PORQUE ELES FAZEM PARTE DO GOVERNO!...

Se não tomaram posição dentro do governo só podemos considerar duas opções para o sucedido: ou estão de acordo com o decidido... ou, se não é isso que se passa, é porque se tornaram meros executores de decisões unilaterais do chefe do governo e então não podem ser considerados como membros de um governo, como "chefes decisórios e interventores" dentro da sua área, uma vez que se limitam a ser transmissores da decisão do chefe. Se assim é, estamos perante um governo de "uma só cabeça" e não perante um governo em que os diferentes membros manifestam a sua opinião, onde há um consenso, onde há um trabalho de conjunto para a melhoria dos diferentes ministérios.
Esses governos costumam ter um nome muito feio, porque agem duma maneira muito feia.

Tudo o que a ministra e o seu gabinete transmitiram para a opinião pública para justificarem o pacote de medidas que pretendiam implementar (soubemo-lo pela comunicação social!!!!) foi o simples facto de que estava a trabalhar com uma classe de calões que nada faz nas escolas. Insultou o profissionalismo e a dignidade dos professores. Atribuiu-lhes toda a série de problemas que se passam a nível da educação. Manifestou uma enorme falta de respeito pela classe profissional que "gere".
Será que algum dos senhores que constitui esse gabinete conhece alguma escola? Não me refiro a visitar escolas ... normalmente "as bonitas"! Refiro-me a ter trabalhado numa escola ... ter sido professor ... ter tido turmas ... ter tido alunos!!!! Claro que não ... basta tentar experimentar trabalhar durante 15 dias (empresto o meu horário – se tal o desejarem), in locco, para perceber que a realidade escolar não é um conjunto de números e dados que se manipulem num papel.

Acresce, ainda, que um professor/educador é positivamente achincalhado pelos putos a partir de determinada idade. Se há indivíduos que conseguem, quer fisicamente, quer psiquicamente, manter um certo equilíbrio ...isso não acontece na generalidade. Os putos são cruéis e não perdoam a mínima imprecisão ...muito menos se for física. Isso vai tornar as aulas e as escolas centros de dia da 3ª idade. E o Sr. Albino que não venha com a bonita história da camaradagem entre "avôs e netos" porque um avô familiar é um facto que os putos aceitam... um "velho" a fazer papel de professor não é aceite!!!. Há casos de colegas que por não terem tempo de serviço suficiente para a reforma se mantiveram em funções para além da idade em que o deviam fazer. É degradante para um indivíduo que toda a vida foi um profissional competente ver-se de repente ser alvo de chacota ... ver-se com as suas capacidades diminuídas, não ser capaz de ser o que era ... É um triste fim de carreira para qualquer pessoa!!!! Acabar indignamente é um ultraje para qualquer profissional que se preze!!!!!!!!

E não me digam que esse professor pode exercer outras funções... sim, talvez possa! Podem exercer outras funções, mas funções que com a sua experiência e o seu saber contribuam para a dignificação da escola e da educação. Não os transformem em meros guardadores de crianças, em meros entretainers.

Além disso, parece que não é por aí!!! ... mas não foi para isto ...nem é para isto que as pessoas trabalharam anos sem fim. Veja-se o caso dos professores que têm redução por idade! O exercer de outras funções foi transformado em aulas efectivas, com um laivo de entretainement, com a única finalidade de guardar crianças, que põem em causa o papel do professor na escola. Serão outras funções continuar a ir para a frente de uma turma fazer aulas de substituição? Serão outras funções fazer aulas de reforço, fazer apoios pedagógicos? Tudo isto se insere numa actividade lectiva que este ME quis transformar em não lectiva, não por questões pedagógicas e de melhoria do ensino, mas única e exclusivamente por questões meramente económicas - com isto reduziu em grande número a contratação de professores. Foi este o único aspecto tido em conta para estas medidas. E tudo isto foi feito através de uma campanha de descredibilização dos professores, utilizando para isso os Órgãos de Comunicação Social, de forma a encontrar um apoio da opinião pública que suportasse medidas que só quem não conhece as escolas e o sistema de ensino pode pensar que de alguma maneira contribuirão para um aumento do sucesso escolar.

Para isso foi elaborada uma legislação, à pressa, em cima do joelho, em que há atropelos, desencontros, indecisões, indefinições, em que “não bate a bota com a perdigota”.
Para isso basta comparar a legislação que foi alterada com o que não foi alterado e tirar conclusões. Refira-se ainda o facto de ser legalmente irregular, para não lhe chamar outra coisa, que despachos e circulares possam alterar leis.

Para além de que quase tudo o que foi preconizado, até agora, como estratégia de remediação do insucesso, já existia na legislação e era feito na maioria das escolas. No entanto foi atirado para as parangonas dos jornais como a salvação da educação, como a última descoberta no campo da “medicina educativa”.

Dizem-me que o país está de rastos, que não é legítimo, por isso, aumentar o número de professores. Dizem-me que não procuremos culpados onde eles não existem, isto é, nos governos, no governo.

Quero acreditar que não me andam a enganar relativamente à situação do país (será?)… no entanto não me peçam que acredite que a culpa é de quem trabalha, nomeadamente, só dos trabalhadores da função pública … não me peçam que acredite que as sucessivas políticas dos sucessivos governos, das várias cores, que por lá passaram não são as culpadas.

Não se atribua, nem se responsabilize os professores pelas políticas seguidas por esses diferentes governos... alguns deles desta mesma cor... não se culpe, nem se use esta classe, mais do que as outras para resolver os problemas pelos quais não são responsáveis, nem se achincalhe uma classe, em nome de um objectivo que todos sabemos não vai ser ultrapassado através dessa classe.

Também não é legítimo que este governo, e dentro dele o ME, tão exigente para com os trabalhadores (talvez mesmo porque só se preocupa com medidas economicistas e é isso o que apenas lhe interessa), continue na senda dos outros governos, desrespeitando não só a lei do trabalho que obriga outros a actualizar os quadros e que não a cumpre, nomeadamente o artº 28º do ECD. Se isto fosse sistematicamente feito, de acordo com as necessidades permanentes das escolas, não havia razão para protestos, uma vez que todos sabíamos com o que contar. Também não teria havido razão para protestos se as medidas tomadas não tivessem sido divulgadas e postas em prática a meio de um legítimo processo de concursos alienando toda a lógica de escolha de preferências manifestadas pelos candidatos que se viram, de repente, vítimas de desemprego em consequência dessas medidas.

E não me digam que os concursos sempre envolveram o "factor sorte" porque não é desse factor que falamos. Estas medidas, ao diminuírem, drasticamente, o quantidade e a qualidade dos horários vindos a concurso fizeram com que fossem os professores com mais tempo de serviço a ficar prejudicados... muitos deles, com 8/10/12 anos de serviço ainda se encontram no desemprego, enquanto que professores com um ou dois anos se encontram nas escolas, na grande maioria dos casos já com horários completos. Os candidatos ao manifestarem as suas preferências fazem-no sempre de acorda com uma estimativa da oferta feita nos últimos anos e com o estudo do tipo de colocações havidas. Assim, é natural que um professor com algum tempo de serviço seja mais selectivo na sua escolha.

As alterações, feitas em pleno processo de decisão, foram causa de grande instabilidade causando um verdadeiro caos na dinâmica do concurso. Este facto prejudicou um enorme número de professores e desrespeitou a seriação existente causando grandes desigualdades. É injusto e tremendamente punitivo de quem durante muitos anos se dedicou à causa da educação. Há medidas que podem ser tomadas mas que têm o seu tempo próprio para o ser feito de modo a não causar injustiças. Mais uma vez o ME falhou no tratamento dos seus funcionários

Do ponto de vista legal, as aulas de substituição, como fazendo parte da componente não lectiva, foram "tornadas indevidamente legais" através de despachos que alteram uma lei!!! Do ponto de vista prático não servem a ninguém! Nem a professores nem a alunos. Não seria muito mais interessante e profícuo que houvesse espaços nos centros de recursos para onde esses alunos fossem encaminhados e que permitissem a execução/desenvolvimento de trabalhos, estudos, pesquisas, etc? Mas isso implicava a existência de recursos que os sucessivos MEs nunca disponibilizaram!!!

Por exemplo, numa escola perto de Lisboa, um aluno foi cumprir castigo para a biblioteca (!!!!!!!!!). Estavam lá três professores à espera de irem para aulas de substituição!!! Não havia mais alunos na biblioteca!!! Não lhes parece um exagero? E que dizer da biblioteca ser o local para onde se enviam os alunos castigados só porque é aí que os professores estão em espera para as aulas de substituição?!. Com que imagem ficam os alunos de uma biblioteca?! E não me digam que é culpa da má gestão da escola!!!! Não … não é! .. É culpa de medidas que esgotaram os espaços e os recursos humanos em actividades que em nada contribuem para a dignificação dos espaços e recursos humanos da escola! Tiraram-lhes a dinâmica … tiraram-lhes o significado … tiraram-lhes o conteúdo.
Outro exemplo, uma turma, soube que a professora de matemática ia faltar. Nesse tempo, alguns foram para a biblioteca, outros para a sala de convívio, etc. Mas como estava uma professora com horário para substituição, não puderam estar para onde tinham ido … tiveram todos que se dirigir para a sala de aula!!! Os alunos não entenderam o absurdo da situação!!! Só diziam à professora: mas não estávamos a fazer nada de mal! Por que é que temos que estar aqui?

Não ... não são meros casos pontuais ... contactem a realidade ... falem com alunos ... falem com professores … falem, inclusive, com pais que já se começaram a aperceber do carácter ilusório e irreal desta situação.

As escolas não podem ser um mero depósito de alunos e um somatório de sala de aulas. Não há aluno que goste de uma escola assim ... não há aluno que se interesse por uma escola assim ... não há aluno que veja aplicação naquilo que aprende se isso não tiver continuação e ligação em actividades sejam elas lúdicas, sejam de aplicação científica de conhecimentos, sejam de mera exploração … mas que sejam de descoberta … que sejam por iniciativa própria… que sejam por gosto. Essas sim, deveriam ser fomentadas!.

O Palácio do "Dinossauro Excelentíssimo" é um mau local para se governar!
Desçam ao país real!!!!


Consideram-nos uma classe de destaque, de relevo na sociedade?! Como será isso possível se somos tratados "abaixo de cão" pela tutela ...pelos pais ...pela comunicação social? ... Quando qualquer coisa de mau que acontece na sociedade é atribuída à escola? ... Quando a escola passou a ser o bode expiatório de todos os males da sociedade?! Como é possível que a escola e a classe tenham qualquer destaque ou prestígio quando nem o nosso próprio "patrão" nos respeita?!

Sim ... é preciso repensar o que se passa nas escolas.

É preciso, sobretudo, pensar porque é que o sistema não funciona.

É preciso pensar como é possível implementar reforma em cima de reforma sem nunca as analisar.

É preciso pensar porque é que alunos e professores andam continuamente ao sabor de mudanças constantes e sistemáticas no ensino sem verem qualquer tipo de feedback!.

É, acima de tudo, essencial que se pense porque é que a sociedade, e muito especialmente os pais, se demitem da sua função educativa. Quem os convenceu de que a escola é capaz de suprir a falta de educação... a falta de afecto... a falta de interesse pela vida escolar dos filhos… e transformar estes jovens em casos de sucesso?

É preciso tentar descobrir como é possível que seja a escola a exercer todos os papéis sociais em simultâneo. Como? em que espaços? em que tempos? Com que o profissionais?

É preciso descobrir como pode o professor desempenhar todos os papéis que a sociedade lhe atribui (pai, mãe, psicólogo, assistente social, burocrata, regulador de conflitos, técnico de reeducação, amigo, conselheiro, etc, etc, etc.... e por fim professor!!!!)

É preciso descobrir desde quando e a que propósito o professor e a escola são os únicos responsáveis por alunos que não abrem um livro, não fazem um TPC, que não trazem material, que não querem aprender.

É preciso descobrir porque razão os pais não se preocupam sequer em perguntar "já estudaste"? ... "já fizeste os TPC?" a pedir "mostra-me os teus cadernos, mostra-me o que tens feito na escola. Para isso não é preciso ser letrado... basta, apenas, ser interessado pela vida escolar dos filhos. O cansaço diário da actividade profissional de cada um não pode ser desculpa para que isso não aconteça.
O desinteresse da maioria dos pais pela educação dos seus filhos reflecte-se no desinteresse total dos filhos pelas actividades escolares. É impossível a escola lutar contra isto (embora tente com todos os meios ao seu alcance). É impossível a escola lutar contra a má opinião que os pais e os meios de comunicação social transmitem aos filhos sobre a escola e os professores. Como lutar contra a falta de respeito que os alunos manifestam na escola, se eles apenas são o espelho da sociedade, mais especificamente do que ouvem em casa, na rua, na TV? A escola tenta desmontar esta imagem... os professores trabalham no sentido de mudar esta percepção... mas não fazem milagres contra o desprestígio que lhes é imposto pela tutela em especial e pela sociedade em geral.

Muitas outras razões existem para além destas... basta querer vê-las... basta não querer “sacudir a água do capote” como sociedade responsável pelo futuro cidadão que todos queremos o melhor possível.

Os professores são trabalhadores, como quaisquer outros... têm que apresentar um produto. Só que este produto é diferente... interfere com a vontade de outras pessoas que mesmo tratando-se de crianças/jovens têm vontade própria... são seres humanos.
Os professores não trabalham com massas inertes que podem ser moldadas à sua vontade. Fazem impossíveis!!! Mas não fazem milagres!!!!

Talvez haja maus professores... é natural! Em todas as funções/profissões há maus profissionais. Mas há muito mais bons professores do que maus!!! Investiguem-se os maus. Não se generalize... não se acuse uma classe de nada fazer!!!!

Tente-se com consciência e com boa fé analisar as causas do insucesso. Procure-se as razões. Não se atribua de imediato a culpa toda aos professores.

Pergunte-se porque não há um pacto social relativo à educação (e, já agora, a outros segmentos da dinâmica social) que englobe os partidos mais representativos e que permita um desenvolvimento destes aspectos sociais.

Pergunte-se porque não há projectos de continuidade que permitam construir algo com alicerces e estrutura segura.

Pergunte-se porque, governo após governo, se fazem e desfazem projectos, se tomam e "destomam" medidas que sistematicamente atrasam o progresso destes sectores, uma vez que por cada passo em frente se dão dois atrás, já que cada mudança governamental destabiliza toda uma estrutura sectorial, provocando atrasos sistemáticos que cada vez mais se tornam irrecuperáveis.

Pergunte-se porque não há uma análise construtiva do que existe e se faz sempre uma análise negativa do que se encontra e se modifica tudo parecendo apenas que o único objectivo de qualquer governante é ser conhecido pela quantidade de "autógrafos" que deixa no Diário da República e não pela concretização de uma obra que por não ser da sua autoria é, à partida, para ir para o lixo.

Pergunte-se porque passamos a vida a implementar coisas que foram testadas noutros países e que não deram provas.

Não há sistema educativo, não há educação que resista a tanto... os professores são os menos culpados de todo o sistema... bem tentam, nas escolas, resolver todas as discrepâncias que sistematicamente lhes caem em cima... mas mais uma vez:
não fazem milagres!

11/10/2005

MEDO têm!!!! .... VERGONHA NENHUMA!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Transcrição de um post do forum educare:
SINAIS DA REPRESSÃO QUE AVANÇA: Polícia à paisana infiltrado entre os professores
Texto que o Paulo Ambrósio escreveu no site da «sala dos professores.com»: No decurso do Plenário de Professores Contratados do SPGL, ontem, na sala do Hotel Zurique, identificámos e fotografámos um jovem polícia à paisana que disfarçado de professor, e sentado no meio de nós, comunicava pouco discretamente via rádio com os seus colegas da polícia de choque em carrinha estacionada à porta do mesmo Hotel. Dizia ele na sua comunicação rádio, escutada por docentes que estavam ao seu lado, que "estava a controlar quantos ali estavam". À presença ostensiva da polícia de choque nos protestos, já este governo nos tinha habituado... Mas agora é caso para perguntar, colegas e camaradas: a PIDE está de volta??!! Prontamente denunciado aos membros da mesa pelos professores contratados, o agente à civil foi interpelado por um vice-presidente do SPGL, a quem nem sequer se deu ao trabalho de esconder a sua verdadeira identidade e função (!).
Acto contínuo foi de imediato intimado a retirar-se do plenário, onde sorrateiramente se tinha introduzido. As fotos do agente estão em nosso poder. Resta dizer que no final da concentração na 5 de Outubro o mesmo indivíduo participou com os colegas fardados (PSP) na operação de desmontagem e remoção do gradeamento policial em torno do edifício do ME. No fim do plenário, e depois de eleita a Comissão de Professores e Educadores Contratados para 2005/06, desfilámos para o ME. Já na concentração propriamente dita frente ao ME - comprovámos in loco de que valeram as belas promessas do sr. Valter Lemos (SEE) e a cultura democrática da gentinha da 5 de Outubro: zero! Não há dúvida, colegas e camaradas: lidamos com um governo de cores "socialistas", mas eivado de tiques totalitários e métodos fascizantes, próprios do 24 de Abril. Mas só se deixa intimidar quem é fraco, e a todos aqui reafirmamos SÓ A LUTA É O CAMINHO PARA PARA DEFENDERMOS QUER OS NOSSOS DIREITOS PROFISSIONAIS, QUER AS LIBERDADES E GARANTIAS CONQUISTADAS A 25 DE ABRIL DE 1974 E AINDA CONSAGRADAS NA CONSTITUIÇÃO. Paulo Ambrósio Comissão Sindical de Professores Desempregados do SPGL»

10/10/2005

Actividades para as aulas de substituição

Se calhar é isto que querem que façamos na sala de aula...



Então carregue lá no play!

Plenário de Contratados e Desempregados

08/10/2005

O exemplo nem sempre vem de cima

8.30 numa escola deste país adormecido. Falta um professor e os alunos são intimados pela funcionária a aguardar por um professor substituto. Este chega mas os alunos desertaram todos. Isto aconteceu na quinta feira e ainda hoje estou apensar na lição que aqueles putos nos deram. Será que ninguém vê qual o caminho? Será que os Sindicatos estão acorbadados e não sabem que se pode fazer uma greve por tempo indeterminado a horas extraordinárias?Lamento ver os sindicatos mais preocupados com a aposentação e com a redução os seus quadros.
Ninguém se lembra de gritar bem alto para toda a gente ouvir (inclusive aquele escritor equatoriano que tem coluna no jornal público à sexta, e que, já agora, demonstra uma ignorância atroz sobre a nossa actividade profissional) gritar, dizia, que a componente não lectiva NÃO É UM PRIVILÉGIO, É TEMPO DE TRABALHO EFECTIVO. Sem essas horas de trabalho (realizado na escola ou em casa) não há ser humano (nem o tal equatoriano) que consiga dar aulas com qualidade. Gritem.

06/10/2005

Professores trabalham muito

Encontrei este texto na Tribuna livre do Diário de Notícias. Foi escrito pelo nosso colega José Couto deTavira.
Achei que devia transcrevê-lo para aqui para que todos o pudessemos ler.

"Já estou saturado de ouvir e de ler que os professores, que passaram a ter a sua progressão "congelada" a partir, de 29 de Agosto último, progridem automaticamente. Isto, para além de ser uma falsidade, é um autêntico acto de desinformação da opinião pública. Então, para informação dos interessados, repare-se no que é necessário para o professor progredir na carrei­ra, isto é, para subir de escalão:
1. O professor tem de frequentar acções de formação contínua em horário pós-lectivo/pós-laboral, numa relação de tempo/créditos de 25 horas/um crédito.
Eu, por exemplo, fiz nos últimos três anos cem horas de formação, com aproveitamento, para obter os quatro créditos que, após quatro anos de permanência­ no 5º escalão, me poderiam dar (agora já não ... ) a possibilidade de almejar a subida ao 6º escalão, em 2006.

2. O professor tem de elaborar, e apresentar ao Conselho Executivo, . para ser avaliado, um relatório crítico relativo ao seu desempenho como docente e ao seu desempenho de cargos - como director de turma/ano, de instalações; como coordenador de estabelecimento, de departamento, de conselho de docentes, de conselho de docentes de articulação curricular, da educação pré-escolar, dos directores de turma, de projectos, da biblioteca escolar e do centro de recursos, do desporto escolar, dos apoios educativos; como presidente da assembleia, do conselho pedagógico; como membro do grupo de trabalho do projecto educativo de agrupamento, do grupo de trabalho do projecto curricular de escola, do grupo de trabalho para o plano anual de actividades, da secção de avaliação, da secção científico-pedagógica, da secção de acompanhamento e avaliação dos cursos de ensino e formação e dos currículos alternativos; como assessor – com referência a todos os projectos e actividades em que esteve envolvido – clubes temáticos (de leitura, de informática, de jardinagem, de rádio, de cinema …), visitas de estudo, concursos científicos e literários, torneios desportivos, exposições, filmes e documentários vídeo, projectos de desenvolvimento de competências sociais, de intervenção no espaço-escola e no meio em que se insere a escola, entre muitos outros.
Uma colega minha, por exemplo, depois de ter frequentado, com aproveitamento, mais acções de formação do que aquelas que eram exigidas para a sua subida de escalão (fez mais de cem horas de formação), apresentou com 60 dias de antecedência (como é, quer dizer, era … de lei) o seu relatório de desempenho, que lhe levou duas semanas a elaborar, viu frustrados todos os seus esforços de progressão. A minha colega ficou, assim, tal como a progressão, “congelada”!
De lembrar, ainda, que o professor, para além desse relatório crítico de desempenho (realizado de três em três, de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos, consoante o escalão), tem também de elaborar, no fim de todo e cada ano lectivo, relatórios referentes aos cargos que desempenhou e às actividades de enriquecimento curricular que desenvolveu.
Perante tanto cumprimento de exigências, quem é que, a não ser de má-fé, ainda será capaz de propalar que os professores têm progressões automáticas?"

In: Tribuna livre DN de 5 Outubro 2005