06/10/2005

Professores trabalham muito

Encontrei este texto na Tribuna livre do Diário de Notícias. Foi escrito pelo nosso colega José Couto deTavira.
Achei que devia transcrevê-lo para aqui para que todos o pudessemos ler.

"Já estou saturado de ouvir e de ler que os professores, que passaram a ter a sua progressão "congelada" a partir, de 29 de Agosto último, progridem automaticamente. Isto, para além de ser uma falsidade, é um autêntico acto de desinformação da opinião pública. Então, para informação dos interessados, repare-se no que é necessário para o professor progredir na carrei­ra, isto é, para subir de escalão:
1. O professor tem de frequentar acções de formação contínua em horário pós-lectivo/pós-laboral, numa relação de tempo/créditos de 25 horas/um crédito.
Eu, por exemplo, fiz nos últimos três anos cem horas de formação, com aproveitamento, para obter os quatro créditos que, após quatro anos de permanência­ no 5º escalão, me poderiam dar (agora já não ... ) a possibilidade de almejar a subida ao 6º escalão, em 2006.

2. O professor tem de elaborar, e apresentar ao Conselho Executivo, . para ser avaliado, um relatório crítico relativo ao seu desempenho como docente e ao seu desempenho de cargos - como director de turma/ano, de instalações; como coordenador de estabelecimento, de departamento, de conselho de docentes, de conselho de docentes de articulação curricular, da educação pré-escolar, dos directores de turma, de projectos, da biblioteca escolar e do centro de recursos, do desporto escolar, dos apoios educativos; como presidente da assembleia, do conselho pedagógico; como membro do grupo de trabalho do projecto educativo de agrupamento, do grupo de trabalho do projecto curricular de escola, do grupo de trabalho para o plano anual de actividades, da secção de avaliação, da secção científico-pedagógica, da secção de acompanhamento e avaliação dos cursos de ensino e formação e dos currículos alternativos; como assessor – com referência a todos os projectos e actividades em que esteve envolvido – clubes temáticos (de leitura, de informática, de jardinagem, de rádio, de cinema …), visitas de estudo, concursos científicos e literários, torneios desportivos, exposições, filmes e documentários vídeo, projectos de desenvolvimento de competências sociais, de intervenção no espaço-escola e no meio em que se insere a escola, entre muitos outros.
Uma colega minha, por exemplo, depois de ter frequentado, com aproveitamento, mais acções de formação do que aquelas que eram exigidas para a sua subida de escalão (fez mais de cem horas de formação), apresentou com 60 dias de antecedência (como é, quer dizer, era … de lei) o seu relatório de desempenho, que lhe levou duas semanas a elaborar, viu frustrados todos os seus esforços de progressão. A minha colega ficou, assim, tal como a progressão, “congelada”!
De lembrar, ainda, que o professor, para além desse relatório crítico de desempenho (realizado de três em três, de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos, consoante o escalão), tem também de elaborar, no fim de todo e cada ano lectivo, relatórios referentes aos cargos que desempenhou e às actividades de enriquecimento curricular que desenvolveu.
Perante tanto cumprimento de exigências, quem é que, a não ser de má-fé, ainda será capaz de propalar que os professores têm progressões automáticas?"

In: Tribuna livre DN de 5 Outubro 2005

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