Salvador Dali
Que o diploma sobre a avaliação docente é um verdadeiro monstro burocrático já todos constatámos. Que a esse monstro foram sendo implementadas mais cabeças, com os diferentes despachos e memorandos que lhe foram sendo anexados, em nome da regulamentação do monstro, transformando-o numa hidra de Lerna, também já todos nos apercebemos. Que os serviços intermédios do ME, com as suas estranhas interpretações, ainda, o “amostrenguem” mais, também já todos sabemos.
Que entre nós ainda consigamos aprimorar o “bicho” tornando-o ainda pior do que é, é que já ninguém entende.
Espanto-me, cada vez mais, como alguns elementos de uma classe diferenciada, portadora das mais altas habilitações académicas, revela a sua total iliteracia quanto à leitura, interpretação e aplicação de simples articulados de uma legislação.
Que a maioria das leis são mal redigidas é uma verdade. Que a maioria das leis são dúbias é outra verdade. Que nós não somos juristas também é verdade.
Por isso, o que temos que fazer é, apenas, ler. Ler como quem lê um texto. Ler, analisar e aplicar. Não temos que inventar. Não temos que devanear sobre… Não temos que inventar sobre…
Também sabemos que o considerar os resultados dos alunos, como um dos pontos chaves desta avaliação, é um dos maiores erros do monstro. Todos estamos cientes de que este item apenas visa a obrigatoriedade de mostrar resultados para as estatísticas e não o melhorar do ensino e ou da aprendizagem. Por isso mesmo, ainda se torna mais compungente o resultado da criatividade de que enfermam alguns “artistas grelhadores”.
Vejamos o que diz o 2/2008 sobre a relação entre: os resultados dos alunos, a definição de objectivos individuais a auto-avaliação e a avaliação do Presidente do Conselho Executivo (e onde me refiro a resultados dos alunos poderia referir abandono):
Quais são os elementos de referência para a definição de objectivos individuais?
Os objectivos individuais são formulados tendo por referência os seguintes itens:
A melhoria dos resultados escolares dos alunos;
(…)
Quais são os elementos de referência para a avaliação? *
A avaliação do desempenho tem por referência:
a) Os objectivos e metas fixados no projecto educativo e no plano anual de actividades para o agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
b) Os indicadores de medida previamente estabelecidos pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada, nomeadamente quanto ao progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e a redução das taxas de abandono escolar tendo em conta o contexto socioeducativo.
* Reiterados neste ponto que consigna as competências da Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho:
Que entre nós ainda consigamos aprimorar o “bicho” tornando-o ainda pior do que é, é que já ninguém entende.
Espanto-me, cada vez mais, como alguns elementos de uma classe diferenciada, portadora das mais altas habilitações académicas, revela a sua total iliteracia quanto à leitura, interpretação e aplicação de simples articulados de uma legislação.
Que a maioria das leis são mal redigidas é uma verdade. Que a maioria das leis são dúbias é outra verdade. Que nós não somos juristas também é verdade.
Por isso, o que temos que fazer é, apenas, ler. Ler como quem lê um texto. Ler, analisar e aplicar. Não temos que inventar. Não temos que devanear sobre… Não temos que inventar sobre…
Também sabemos que o considerar os resultados dos alunos, como um dos pontos chaves desta avaliação, é um dos maiores erros do monstro. Todos estamos cientes de que este item apenas visa a obrigatoriedade de mostrar resultados para as estatísticas e não o melhorar do ensino e ou da aprendizagem. Por isso mesmo, ainda se torna mais compungente o resultado da criatividade de que enfermam alguns “artistas grelhadores”.
Vejamos o que diz o 2/2008 sobre a relação entre: os resultados dos alunos, a definição de objectivos individuais a auto-avaliação e a avaliação do Presidente do Conselho Executivo (e onde me refiro a resultados dos alunos poderia referir abandono):
Quais são os elementos de referência para a definição de objectivos individuais?
Os objectivos individuais são formulados tendo por referência os seguintes itens:
A melhoria dos resultados escolares dos alunos;
(…)
Quais são os elementos de referência para a avaliação? *
A avaliação do desempenho tem por referência:
a) Os objectivos e metas fixados no projecto educativo e no plano anual de actividades para o agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
b) Os indicadores de medida previamente estabelecidos pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada, nomeadamente quanto ao progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e a redução das taxas de abandono escolar tendo em conta o contexto socioeducativo.
* Reiterados neste ponto que consigna as competências da Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho:
Os objectivos fixados e os resultados a atingir pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada no âmbito do respectivo projecto educativo ou plano de actividades são considerados pela comissão de coordenação da avaliação do desempenho no estabelecimento de directivas para uma aplicação objectiva e harmónica do sistema de avaliação do desempenho.
Que diz sobre a auto-avaliação?
A ficha de auto-avaliação é entregue aos avaliadores em momento anterior ao preenchimento, por estes, das fichas de avaliação, constituindo elemento a considerar na avaliação de desempenho mas não sendo os seus resultados vinculativos para a classificação a atribuir.
A ficha de auto-avaliação deve explicitar o contributo do docente, durante o exercício das suas funções, para o cumprimento dos objectivos individuais fixados, em particular os relativos à melhoria dos resultados escolares obtidos pelos seus alunos.
Para o efeito da parte final do número anterior o docente apresenta, na ficha de auto -avaliação, os seguintes elementos:
a) Resultados do progresso de cada um dos seus alunos nos anos lectivos em avaliação:
i) Por ano, quando se trate da educação pré -escolar e do 1.º ciclo do ensino básico;
ii) Por disciplina, quando se trate dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário;
b) A evolução dos resultados dos seus alunos face à evolução média dos resultados:
i) Dos alunos daquele ano de escolaridade ou daquela disciplina naquele agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
ii) Dos mesmos alunos no conjunto das outras disciplinas da turma no caso de alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário;
c) Resultados dos seus alunos nas provas de avaliação externa, tendo presente a diferença entre as classificações internas e externas.
Além dos referidos no número anterior, pode o docente apresentar outros elementos (…) que permitam comprovar o seu contributo para o progresso dos resultados escolares dos alunos, a redução das taxas de abandono escolar e a apreciação do respectivo contexto socioeducativo.
E sobre a avaliação realizada pela direcção executiva?
Na avaliação efectuada pelo órgão de direcção executiva os indicadores de classificação ponderam o seguinte:
Progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo — aprecia os dados apresentados pelo docente na ficha de auto-avaliação os quais são objecto de validação pelos avaliadores;
Como é possível que lendo o mesmo que eu li (e transcrevi) haja quem seja capaz de fazer uma ficha de registo de avaliação do PCE, como esta?
Ou uma ficha de definição de objectivos individuais, como esta?
http://www.scribd.com/doc/6499599/Grelha-Objectivos-Individuais-2o-e-3o-Ciclo-1
Ou seja obrigado, como noutra que eu conheço, a, na ficha de objectivos individuais, indicar a média de cada turma no ano anterior e a definir objectivos de manutenção ou superação dessas médias (indicando critérios de êxito/superação), não tendo em conta se a turma era do professor, se as notas/níveis foram resultado de subida por votação em conselho de turma, se existem alunos novos na turma, etc.
Ou ainda como noutra, em que foi definida uma determinada média de sucesso por ano de escolaridade e “foi decidido” que se, por acaso existe uma turma mais fraca, outra turma desse ano, que seja melhor, tem que compensar a média (“ganhando” o seu sucesso e mais o sucesso que a outra não conseguir, para cumprir a média).
Só posso dizer que não são os deuses que devem estar loucos, mas sim os humanos! Neste caso específico, alguns humanos-professores!
Será assim tão difícil perceber o que está escrito?
Será difícil perceber que a escola/agrupamento (departamentos e conselho pedagógico) propõe uma meta de consecução de resultados, quer seja em % de redução do insucesso, quer seja em % de aumento do sucesso, que essa meta estabelecida a nível de escola/agrupamento (em geral, ou considerando excepções em determinadas disciplinas que pensem não conseguir atingir a % proposta) deverá constar do Projecto Educativo e que todos os professores deverão trabalhar com os seus alunos para essa meta?
Será difícil perceber que o que se pretende é a melhoria dos resultados, através da redução/aumento da média do insucesso/sucesso obtida na globalidade dos alunos/disciplinas/anos de escolaridade, em função da tal % estabelecida no PE, e não em cada um per si?
Será difícil perceber que só no final é que o professor, na sua auto-avaliação deve fazer a análise, em função dos diferentes itens contidos na ficha de auto-avaliação, justificando aí o seu trabalho neste item? E que será a partir dessa análise que o PCE considerará se houve ou não cumprimento do objectivo neste campo?
Será tão difícil perceber que o professor não pode trabalhar em função de uma média de turma, pré-definida, garantindo que a terá de manter, ou melhorar? É isso que se pretende, mas as circunstâncias variam de ano para ano.
Será difícil perceber um professor não pode definir como objectivo individual o número de 2, 3, 4 ou 5 que vai dar no final do ano… e muito menos ser penalizado porque em vez de cinco 4, e três 5, deu sete 4 e um 5?
Será difícil perceber que um professor não é um fabricante de peças avulso cuja produção pode ser incrementada (… e mesmo aqui só até um certo patamar)?
E que dizer da “definição das médias” encontrada na 1ª ficha de que dou o link? E que dizer quando se considera que um professor é excelente quando atinge uma progressão superior a 100%?
Só pode! Está tudo louco! Ou será que é mesmo, e só, maldade?
Esta ADD é impossível e mais impossível se torna quando os "grelhadores" atingem níveis de loucura que a tornam num inferno de que nem Dante se lembraria.
6 comentários:
Muito obrigada pela lucidez da sua
crítica. Este é que é o nosso grande, grande problema:a não interpretação da legislação, de modo a sermos coerentes na prática. Mas isto já se calculava que ia acontecer.Ainda mais: é que não se sabe com clareza o que se pretende e por isso,dão-se tiros nos próprios pés. Eu não sei se isto é desinformação, desconhecimento, ignrorância,ou oportunismo para dar o salto no caminho dos " directores". Mas que isto está a mostrar a irracionalidade da nossa classe está. E a opinião pública vai engrossar a má ideia que tem dos docentes. Não sei como se dá a volta a isto, mas peço-lhe que ajude a não deixar desvirtuar um trabalho tão digno que é o de ensinar. Obrigado.
Parabéns pela síntese e clarividência do seu texto.
Já agora 2 dúvidas, se me puder esclarecer:
- Num Departamento onde existam 4 Titulares, com 20 Professores, o Coordenador pode delegar competências de avaliador em mais dois titulares? Ou seja, ficam 3 avaliadores?
- Num Departamento onde havia três vagas para titulares, mas apenas 2 foram providos, departamento com 22 professores, pode-se nomear em comissão de serviço um professor não titular e ficarão 3 professores avaliadores?
Obrigada desde já.
Para o anónimo(a) das 19:30…
Apesar da pergunta não me ser dirigida, tomei a liberdade de lhe responder.
A resposta à 1ª questão é sim. Pelo menos não encontro nada na lei que o impeça.
Quanto à 2ª questão, depende do departamento em causa, se se trata do Pré-escolar ou 1º Ciclo, a resposta é sim, no 2º e 3º ciclos e secundário, a resposta é não. O que conheço da legislação referente ao assunto é isto:
Despacho 7465/2008, de 13 de Março
“20 — Considera -se que há insuficiência de professores titulares em função do número de docentes a avaliar, nas seguintes situações:
a) Quando, nos departamentos curriculares da Educação Pré –escolar e 1º ciclo do Ensino Básico constantes do anexo ao presente despacho, o número total de docentes a avaliar, corresponda, por professor titular do departamento, independentemente da forma de provimento, incluindo o respectivo coordenador, a um valor que exceda 7;
b) Quando, nos departamentos curriculares de Línguas, Ciências Sociais e Humanas, Matemática e Ciências Experimentais e Expressões constantes do anexo ao presente despacho, o número total de docentes a avaliar, corresponda, por professor titular do departamento, independentemente da forma de provimento, incluindo o respectivo coordenador, a um valor que exceda 12.
21 — Verificando -se as situações que excedam os valores previstos no número anterior, podem ser nomeados, em regime de comissão de serviço sem ocupação de lugar, professores para exercerem, transitoriamente, as funções de professor titular e neles lhes serem delegadas as funções de avaliador, tendo em conta ainda o n.º 2 do presente despacho.”
Será que quem inventa essas grelhas se propõe cumpri-las com honestidade ou nem sequer é avaliado e dita normas para os outros cumprir?
É dificil prever percentagens de níveis 4, a menos que sejam fabricados para agradar aos avaliadores. Uma desonestidade! Tão desonesto é quem propõe estas orientações como quem se submete a cumpri-las.
MJP
Obrigado Apache, pelo esclarecimento.Era como eu pensava. O que me foi dito foi que como havia três vagas a concurso e apenas foram preenchidas duas, haverá lugar à nomeação de um 3º professor não titular como avaliador. Aliás essa delegação já foi feita.
Trata-se de um departamento do ensino secundário.
Aliás no site da DGRHE, está uma informação da semana anterior (inf. nº3)e o nº 1 da mesma, prevê precisamente essa situação.
Caso tenham algum esclarecimento adicional, agradeço, pois na escola há várias leituras e reina alguma confusão.
Obrigado
Aos membros deste blog:
Já fui membro deste blog, mas sei que nunca contribui como deve ser por falta de tempo, pois O Cartel ocupa-me bastante tempo. No entanto, guardo toda a estima por quem aqui escreve e todo o respeito por este excelente blog. Passem por aqui:
http://ocartel.blogspot.com/2008/10/prmio-dardos.html
PS: Maria Lisboa, passa lá também (duplamente). :)
Um abraço a todos
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