12/11/2006

Aquilo que o eduquês me ensinou (I)

Um rapaz de 13 anos bate na professora. Não é a primeira.

Muito bem.

Segundo aquilo que me ensinaram na faculdade, há que procurar as causas da agressão. Quais os antecedentes do aluno? Qual o ambiente familiar? Poderá tratar-se de um caso psicossomático? Ou alguma degenerescência do sistema nervoso central? O mais provável é ser um miúdo ansioso, com problemas de stress agudo provocados pela própria professora. E qual a real implicação da professora neste caso? O que fez ela para causar a agressão? Se a agrediu a ela mas não aos outros, o que houve no comportamento da docente para provocar esta situação? Poderá a professora em causa ter potenciado o acto de indisciplina?

Em suma, o que o eduquês me ensinou foi que o miúdo é uma vítima inocente da sociedade que o corrompeu. A causa efectiva da indisciplina é o professor.

Os meus paizinhos ensinaram-me que uma valente bofetada no focinho na altura certa é mais adequada.
Era o que eu teria feito.

4 comentários:

SL disse...

E acrescento: criminalização dos pais, por óbvia e grosseira negligência.

Anónimo disse...

Mais claro seria difícil :)

Anónimo disse...

eu não tenho essa noção do eduquês. E até acho perigoso o discurso anti-eduquês. Para quem está de fora ou defendo e estalo como medida pedagógica aceitável, recomendo uma nova revisão da literatura. Há o meio--- onde está a virtude--- e há o bom senso--- onde está o professor.

SL disse...

Caro Sizandro,

não compreendo por que motivo acha "perigoso o discurso anti-eduquês".

Deixe-me pôr as coisas em pratos limpos: não tenho grandes dúvidas sobre os malefícios que o discurso eduquês e as "ciências" da educação em geral estão a provocar um pouco por todo o mundo. Mas isso não significa que não reconheça nas "ciências" da educação um mérito - o de provocar a discussão e descentrar o discurso. Isto é, em lugar de um discurso centrado epistemologicamente ou logicamente, reconheço a necessidade de um discurso que seja também sociocêntrico ou mais dirigido para as necessidades específicas dos alunos.

Actualmente, o que se verifica é o inverso: temos um discurso claramente desculpabilizador da violência escolar; temos um discurso excessivamente compreensivo face ao bullying; temos uma preocupação excessiva com as "competências" como se elas existissem sem conteúdos; temos uma desvalorização gritante do saber, do esforço, da disciplina.

Portanto, não vejo em que um discurso anti-eduquês possa ser perigoso. Só vislumbro uma razão para tal: é continuar a pensar que esse discurso é prórpio da Direita fascizóide. Mas isso são historinhas para contar às crianças...