(se trocarmos o polícia pelo professor, não estaremos longe do que a opinião pública espera de nós...)
.Ouvem-se, por aí, vozes que dizem ter havido recusas da aceitação da transferência da “aluna”, por parte de escolas e AA de pais, com ameaças destes últimos de retirarem os filhos das escolas se as ditas aceitarem a “menina”.
Não sei se é verdade, ou não, o que se diz sobre a recusa de aceitar a “aluna”, sei é que esta atitude das escolas e pais também não pode ser socialmente aceite, para que não se passe de uma “cena de violência” para outras “cenas de violência”?!
Teoricamente, entende-se a transferência de escola como um castigo porque provoca a desinserção do aluno do seu contexto habitual, do seu grupo de amigos, das suas referências, dos seus “suportes na asneira”. E é isto que se pretende com esta transferência.
A “menina teve uma “atitude de falta de educação e agressividade” e, ao que parece, já tinha tido algumas “chamadas de atenção”. No entanto não passou, de repente, a ser nenhuma criminosa que precise de ser socialmente isolada, nem pode ser transformada em exemplo nacional, pagando por todos os infractores, pagando por todos os desleixos institucionais e familiares, pagando por pelo despertar das consciências que, até aqui, eram surdas a todos os avisos dos professores. Não se pode transformar, esta aluna, na redentora de todas as falhas e erros sociais. Precisa, simplesmente, de ser castigada para compreender que os direitos implicam deveres, que existem mais pessoas, no mundo, para além dela e que essas pessoas merecem ser respeitadas. Daí a ser renegada por toda a gente vai uma grande diferença.
Todavia, apesar da manifesta falta de respeito e agressividade da aluna, esta não está só no seu acto. Sem o “apoio e incentivo” dos colegas, em especial do “artista do vídeo”, talvez não levasse tão longe a sua luta pelo telemóvel e a sua atitude de desconsideração pela professora. Com uma palavra, um gesto de condenação do resto da turma, talvez tivesse parado a tempo. E destes não oiço falar, não oiço condenar a sua atitude, não oiço qualquer palavra de reprovação sobre o “menino” da filmagem. Não sei se estão a ser “tomadas medidas”, mas o que passou naquela sala implica a turma toda num acto de agressividade para com a professora. Mesmo os alunos que se tentam aproximar não mostram intenção de intervir. Aproximam-se, apenas, e saem à primeira ordem para deixarem o campo de visão aberto para as filmagens. São quase tão culpados como a aluna em causa.
Também se ouve falar na possibilidade de retirar a turma à professora, ou de a convidar para assumir um lugar na DRE.
Parece-me que mudar a professora, nesta altura do ano, quer retirando-lhe a turma, quer dando-lhe um lugar numa qualquer DRE é reconhecer, publicamente, “a impreparação” da srª para conduzir a turma e dar-lhe um final de carreira cheio de suspeições e indignidade. Por muito afectada que tivesse ficado (e tem razões para isso) eu, no lugar dela, não aceitaria nenhuma das situações anteriores. Seria reconhecer, perante o país, a escola e os alunos, a minha incompetência!
Mas o que mais me custa, como professora, que também sou, é que ainda não ouvi uma palavra de apreço e de apoio, para com a colega, por parte de qualquer instância do ME!
Mais uma vez, o ME, através de todas as suas chefias implicadas – gabinete ministerial e direcção regional do norte – se cala!
Mais uma vez o ME desprestigia os professores não manifestando apoio à professora.!
Lamentaram a atitude da aluna, tentaram negar a evidência de que existem actos de violência nas escolas, minimizaram, repetidamente, o acto, mas não abriram a boca para apoiar a professora, para lhe garantir que estão ao seu lado, para pôr um "penso" na sua auto estima ferida, para lhe restituir a dignidade perdida por causa de um fedelha mal-educada, para lhe garantir que, na sala de aula, quem manda é ela.
Calaram-se! E este silêncio é de fel… não de oiro!
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Não sei se é verdade, ou não, o que se diz sobre a recusa de aceitar a “aluna”, sei é que esta atitude das escolas e pais também não pode ser socialmente aceite, para que não se passe de uma “cena de violência” para outras “cenas de violência”?!
Teoricamente, entende-se a transferência de escola como um castigo porque provoca a desinserção do aluno do seu contexto habitual, do seu grupo de amigos, das suas referências, dos seus “suportes na asneira”. E é isto que se pretende com esta transferência.
A “menina teve uma “atitude de falta de educação e agressividade” e, ao que parece, já tinha tido algumas “chamadas de atenção”. No entanto não passou, de repente, a ser nenhuma criminosa que precise de ser socialmente isolada, nem pode ser transformada em exemplo nacional, pagando por todos os infractores, pagando por todos os desleixos institucionais e familiares, pagando por pelo despertar das consciências que, até aqui, eram surdas a todos os avisos dos professores. Não se pode transformar, esta aluna, na redentora de todas as falhas e erros sociais. Precisa, simplesmente, de ser castigada para compreender que os direitos implicam deveres, que existem mais pessoas, no mundo, para além dela e que essas pessoas merecem ser respeitadas. Daí a ser renegada por toda a gente vai uma grande diferença.
Todavia, apesar da manifesta falta de respeito e agressividade da aluna, esta não está só no seu acto. Sem o “apoio e incentivo” dos colegas, em especial do “artista do vídeo”, talvez não levasse tão longe a sua luta pelo telemóvel e a sua atitude de desconsideração pela professora. Com uma palavra, um gesto de condenação do resto da turma, talvez tivesse parado a tempo. E destes não oiço falar, não oiço condenar a sua atitude, não oiço qualquer palavra de reprovação sobre o “menino” da filmagem. Não sei se estão a ser “tomadas medidas”, mas o que passou naquela sala implica a turma toda num acto de agressividade para com a professora. Mesmo os alunos que se tentam aproximar não mostram intenção de intervir. Aproximam-se, apenas, e saem à primeira ordem para deixarem o campo de visão aberto para as filmagens. São quase tão culpados como a aluna em causa.
Também se ouve falar na possibilidade de retirar a turma à professora, ou de a convidar para assumir um lugar na DRE.
Parece-me que mudar a professora, nesta altura do ano, quer retirando-lhe a turma, quer dando-lhe um lugar numa qualquer DRE é reconhecer, publicamente, “a impreparação” da srª para conduzir a turma e dar-lhe um final de carreira cheio de suspeições e indignidade. Por muito afectada que tivesse ficado (e tem razões para isso) eu, no lugar dela, não aceitaria nenhuma das situações anteriores. Seria reconhecer, perante o país, a escola e os alunos, a minha incompetência!
Mas o que mais me custa, como professora, que também sou, é que ainda não ouvi uma palavra de apreço e de apoio, para com a colega, por parte de qualquer instância do ME!
Mais uma vez, o ME, através de todas as suas chefias implicadas – gabinete ministerial e direcção regional do norte – se cala!
Mais uma vez o ME desprestigia os professores não manifestando apoio à professora.!
Lamentaram a atitude da aluna, tentaram negar a evidência de que existem actos de violência nas escolas, minimizaram, repetidamente, o acto, mas não abriram a boca para apoiar a professora, para lhe garantir que estão ao seu lado, para pôr um "penso" na sua auto estima ferida, para lhe restituir a dignidade perdida por causa de um fedelha mal-educada, para lhe garantir que, na sala de aula, quem manda é ela.
Calaram-se! E este silêncio é de fel… não de oiro!
6 comentários:
Não se preocupe Maria.
A escola onde estou contratada aceita-a. Aceita estes casos todos. Qualquer dia dá em case-study:)
Estou de acordo com o que escreveste.
E, quanto à professora (até não terá sido sensato entrar em jogo de força com a aluna, mas cada um pode garantir que conseguiria, no lugar desta colega, ter esta ou aquela presença de espírito?), tenho pensado não só na falta de uma palavra de apoio, mas numa coisa que acho muito discutível - o uso do vídeo (e até à exaustão, e ainda por cima obtido mediante um acto reprovável de um aluno). Até fui ver o Código Civil nos artigos relativos à protecção da imagem das pessoas e de proibição de publicar fotos ou vídeos sem autorização dos próprios, bem como as excepções à obrigatoriedade de autorização, e acho que só com um bocadinho de boa vontade na interpretação de uma ou duas dessas excepções é que não se deduz que toda a comunicação social o infringiu.
Mas, pelos vistos, o vídeo foi preciso para alertar o país para os tantos casos de indisciplina e mau comportamento que existem... pelos vistos foi preciso deixar uma professora - uma pessoa - exposta a toda a hora durante dias... enfim... :(
Beijinho
P.S.:
Quanto à aluna, sem dúvida que teve um comportamento muito grave (bem como o colega que filmou e outros da turma), mas, como dizes, não passou a ser uma criminosa. Eu já li que vai a tribunal de menores. Haja tino!!
http://www.crie.min-edu.pt/index.php?action=view&id=174&date_id=250&module=calendarmodule&src=%40random45f6c604df5ef§ion=9
Parabéns aos vencedores!
Como eu vejo a coisa:
Ponto 1: Não me parece que, como a n/ cara IC afirma, a prof. tenha "entrado em jogo de força com a aluna"; isto é uma afirmação machista que as mulheres não devem repetir porque, se a professora tivesse a força de um homem não entraria em jogo de força, teria imposto a força: a prof. simplesmente resistiu quando a aluna a violentou: tentou defender-se, não conseguiu; todos nós já passámos por situações em que pensávamos que podíamos e, afinal, não pudémos.
Ponto 2. A prof. sair ou não sair: eu não sairia, é uma questão de estilo. Mas há pessoas menos resilientes. Cada um tem de olhar para si mesmo e fazer aquilo com que se sente melhor. A experiência deve ter sido altamente traumática e quem vivencia uma experiência destas precisa de oferecer a si próprio os meios de cura.
(desculpem qqr coisinha...)
Mais um ponto:
Eu se dirigisse uma Escola que recebesse esta menina, não lhe facilitaria muito a vida; ela teria de conquistar a minha confiança milímetro a milímetro, palmo a palmo.
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