01/06/2007

Greve - números e expressão

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'Greve' - Lasar Segall, 1956

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Os números podem não ter sido os esperados pela CGTP.
As percentagens emitidas pelo governo podem ter sido as esperadas pelos governantes. Tendo em conta as directivas emanadas para a contabilização de aderentes e respectivas percentagens, no caso dos professores, o que poderá indiciar directivas semelhantes em muitos dos locais com flexibilidade de horários (e não são tão poucos como isso), não seria de esperar outros números.
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(Lembremo-nos que, ainda não há muito tempo, "eles" não deram pela presença de mais de 100.000 pessoas nas ruas!!!)
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Não sei dizer se os números constituíram um "número" que contentasse a CGTP, ou se constituíram um "número" que tenha feito sorrir o governo.
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O que sei é que durante toda a semana, anterior à greve, o governo e respectivos ministérios, se desdobraram em tentativas de intimidação e de coacção dos trabalhadores, através dos mais diferentes meios.
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O que eu sei é que o governo mobilizou 6 governantes para passarem o dia a intervir, nos OCS mais mediáticos, garantindo que a greve não estava a ter adesão, que os serviços se encontravam todos em funcionamento, que o país vivia um clima de tranquilidade, chegando ao ponto, de ao fim do dia, fazer coincidir a hora da conferência de imprensa com a da CGTP (facto que não é inédito nos anais deste governo).
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O que eu sei é que Vieira da Silva se sentiu na obrigação de, a partir de Bruxelas, vir garantir que Lisboa vivia uma situação de "tranquilidade".
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O que eu sei é que até a "nossa" Ministra que há muito se mantinha calada veio à ribalta com o regaço cheio de novas medidas!
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Se a greve não teria ou não teve importância, se foram poucos os aderentes, se não influiu de modo nenhum na dinâmica do país, porquê e para quê toda esta azáfama?
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Se a greve não iria ter expressão porque é que demoraram quase tanto tempo a preparar o “contra-ataque”, como a CGTP a preparar a greve?
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Se a greve não teve expressão porque é que passaram o dia a tentar diluir e limpar os possíveis danos?

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3 comentários:

SL disse...

O que sei é que pelo menos o Governo mentiu descaradamente. Afirmaram que o Metro do Porto tinha ZERO % de adesão. Ora, na estação aqui em frente, era uma lufa-lufa de... pessoas em busca de transporte alternativo. Metros, só de hora em hora... Mas essa é a parte da história que não querem contar...

Maria Lisboa disse...

Segundo li/ouvi, até às 11 da manhã o metro do porto estava com quase 100% de adesão. De repente virou completamente!!!

Como sucedeu este "milagre da inversão dos números"? Que sucedeu para que de repente as composições se pusessem em movimento (nas palavras dos "ditos", claro)?

Como diziam os trabalhadores da recolha do lixo: "lá vêm os TT (não sei o que querem dizer as iniciais, mas sei que se referiam aos contratados a prazo)... coitados, se fazem greve acaba-se o contrato. O que é certo é que assim acabam com a greve" (a frase não era bem assim, mas contexto era este).

O problema é exactamente esse! A precarização do trabalho através do recibo verde, em todos os sectores da FP(incluindo o dos professores na oferta de escola - por enquanto, só aqui!!!) e as ameaças de despedimento no sector privado, são condicionantes demasiado fortes numa decisão de adesão a uma greve.

E é com isto que "eles" jogam!

E é para este caminho de individualização e de isolamento do trabalhador que nos encaminhamos através, não só da institucionalização do contrato individual de trabalho prevista no PRACE, mas também da avaliação preconizada nos articulados do SIADAP.

PS: Sei que estiveste a estudar estas "maravilhas do xuxialismo"! ;)
Também já tinha lido "essa obra", apenas o capítulo do SIADAP, para tentar elaborar objectivos a atingir pelos funcionários. Completamente ridículo!!!
Os objectivos consegui definir... a quantificação dos objectivos, não consegui fazer... é inimaginável, fazê-lo numa actividade que não é uma linha de produção!!! No entanto, alguém terá que o fazer! Os exemplos que o Director Geral dos Recursos Humanos da DGRHE me deu são um exemplo do mais puro cinismo!!!!

Tal como inventaram o eduquês, agora inventaram o gestonês!!!!

SL disse...

Os 0% eram avançados pela administração da Metro nos noticiários das 13h.

Quanto à reforma da administração pública, colocarei um post resumindo partes daquilo que andei a ler.
Pelo que li, a procissão ainda vai no adro. Trata-se de desmantelar o ensinopúblico (no que diz repeito aos professores, que é o que nos interessa particularmente) e proceder à dispensa de milhares de professores, independentemente de serem contratados ou "efectivos". Curiosa é a possibilidade de as escolas passarem a usufruir de autonomia financeira -- financeira, digo bem, e não meramente pedagógica -- o que implica duas coisas: cortes radicais nas despesas e financiamento por meios próprios, isto é, através do bolso dos pais e da "caridade" das empresas e das associações locais. Os cortes radicais nas despesas resolvem-se de forma simples: reduzem-se os lugares de quadro, atira-se para o quadro de excedentários os professores dos escalões superiores e contratam-se professores pouco qualificados; já quanto às receitas, o "melhor" mesmo é retalhar a coisa e deixar entrar os interesses económicos pela porta adentro.

Estamos, insisto, a assistir ao funeral da escola pública.