O MST (Movimento dos Sem-Terra) procura que a comunidade se encarregue da escola e defina o rumo da educação. O movimento converteu-se num “sujeito educativo” e, portanto, todos os seus espaços, acções e reflexões têm uma intencionalidade pedagógica. Isto implica desbordar o papel tradicional da escola e do docente: deixa de haver um espaço especializado na educação e uma pessoa encarregada da mesma; todos os espaços, todas as acções e todas as pessoas são espaço‑tempo e sujeitos pedagógicos. «Transformar-se transformando» é o princípio pedagógico, e o movimento é o sujeito educativo. Já não se regista divisão e separação entre escola e sociedade. A pedagogia deixa de ser uma técnica dominada por especialistas para se converter num “ambiente”, um processo de auto‑educação permanente.
Uma pedagogia que teria entusiasmado Paulo Freire. Mais ainda, não atribuem qualificações: «Aos que não sabem não se lhes põe zero, em vez disso o grupo não avança até que todos vão a par, a ninguém se reprova». No final do curso, os promotores indígenas – eleitos pelas suas comunidades – organizam actividades que são presenciadas pelos pais de família, que «valorizam a aprendizagem dos seus filhos, sem lhes outorgar qualquer qualificação».
Creio que as práticas educativas destes e doutros movimentos recolhem a intencionalidade libertadora de Paulo Freire: a educação tende a ser auto‑educação; o espaço educativo não é só a aula, mas toda a comunidade; os que ensinam não são só os professores, mas todos os membros da comunidade; as próprias crianças mostram a sua capacidade de aprender‑ensinar; todo o movimento é um espaço auto‑educativo.
Eis o eduquês em todo o seu esplendor, num artigo delirante que foi, seguramente, escrito após um almoço muito bem regado com tintol.
A única coisa que lamento é que alguma Esquerda tenha embarcado nestes cantos de sereia e que a cegueira mental a impeça de ver o quão ridícula é a sua posição.
30/05/2007
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