27/05/2007

1313 escolas fecham em Setembro

São 1313 as escolas básicas do 1.º Ciclo que não deverão reabrir no início do próximo ano lectivo. O JN teve acesso ao relatório produzido pelo Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE), que sinalizou 614 estabelecimentos para fecharem só na Região Centro. Pelo país multiplicam-se os concelhos que ficarão apenas com uma, duas e três escolas - sempre no Interior. No Alentejo, aumentam os municípios que só ficam com as integradas a funcionar - caso de Barrancos e Gavião. As direcções regionais de educação alegam "não ter ordens" para se pronunciarem. O ministério mantém-se em silêncio. Os sindicatos revoltam-se contra o que consideram ser a "desertificação" do país.

A Região Centro vai ser a mais penalizada - poderá perder quase 39% das suas escolas. Entre os concelhos com mais estabelecimentos sinalizados destacam-se o de Viseu (com 28), o da Guarda e Tondela (22), Coimbra, Seia, Leiria e Pombal (20) e Cantanhede (18). Perdas que para alguns concelhos poderão significar quase metade do seu parque escolar - caso da Guarda, 48, 8% - ou mais se em Seia encerrarem 20 escolas, a reorganização traduzir-se-á numa perda de 64,5% do parque escolar do concelho. Celorico da Beira tem 13 estabelecimentos sinalizados para fechar. A confirmar-se ficará com três, perdendo 81,2% da sua rede de ensino.

O GIASE entregou o dossiê com a lista das escolas sinalizadas há cerca de dois meses às direcções regionais de educação, que desde então se têm reunido com as autarquias. Tudo indica, apurou o JN junto de alguns municípios, que as negociações poderão levar a alguns ajustes. Em Viseu não deverão fechar "nem metade" das sinalizadas. Na Pampilhosa da Serra também não deverão encerrar os seis estabelecimentos que actualmente existem no concelho, além da Escola Integrada. Os sindicatos sublinham, no entanto, que no ano passado (em que fecharam 1472 escolas) as conversações saldaram-se em "raras excepções" ao fecho decretado. Recorde-se que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, já manifestou que pretende chegar ao final da legislatura com 2500 escolas do 1.º Ciclo. Se em Setembro 1313 não reabrirem, ficam a faltar 807 encerramentos para o objectivo. Ter menos de 20 alunos e uma taxa de aproveitamento inferior à média nacional, ou menos de 10 alunos, são os critérios do Ministério da Educação para reorganizar a rede escolar. Maria de Lurdes Rodrigues considera que o isolamento potencia o insucesso e que as tranferências dos alunos para centros educativos "facilita a socialização e garante o acesso a mais e melhores recursos, eliminando a desigualdade de oportunidades".

Os dirigentes sindicais ouvidos pelo JN concordam com os argumentos. O problema, insistem, é que não se pode redesenhar "cegamente" o mapa do país a partir do referencial de um número.

Admitindo alguns ganhos, os sindicatos sublinham as consequências, que são muitas e negativas, garantem. Há alunos que têm de se deslocar quilómetros, havendo os que saem de casa por volta das 7.30 horas e regressam 11 horas depois. Dirigentes do Norte, Centro e Alentejo apontam ainda escolas requalificadas que fecham, sendo os alunos transferidos para estabelecimentos mais degradados.

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