31/08/2005

Dúvidas no rescaldo da colocação dos professores

À entrada do Sindicato dos Professores do Norte, eram já muitos os professores que, ontem, procuravam uma saída para a sua carreira, um dia depois da publicação da lista de docentes colocados. No apertado corredor da sala de informações, ecoam relatos, frustrações e dúvidas persistentes.

"Não fui colocada", conta Alexandra Amaral, professora de Matemática. "Neste momento, quero saber em que posição está o meu recurso", diz. Um pouco mais à frente, Sérgio Lopes vive uma situação bem diferente. O professor de Educação Física explica que vai renunciar à colocação. "Fui colocado em Coruche e, em princípio, não quero ir para lá. Estou aqui para saber se posso sofrer alguma penalização ou se há alternativas", conta ao JN.

Pelo meio, e entre os rostos que compõem a fila de espera, Adriano Teixeira de Sousa, da Fenprof, desconstrói o concurso que este ano deixou de fora mais de 40 mil candidatos a professores. "No nosso estudo, dos contratados (a prazo) foram colocados 10 041, mas desses cerca de 5533 foram colocados em horários incompletos ou mesmo muito incompletos. A maioria dos professores vai aceitar a colocação porque o fundamental é ganhar tempo de serviço. E esta é uma situação altamente precária", avança o sindicalista.

Os rostos mais ou menos serenos que vão compondo o espaço contrastam com o olhar apreensivo de Mariana Castro. É que esta professora de Português/Inglês não aceita a exclusão das colocações. "Reparei que há pessoas com menos qualificações que concorreram para o mesmo sítio que eu e entraram", conta. Razão pela qual pediu uma revisão do processo.

Concurso foi o regresso à normalidade

Um regresso à normalidade. É desta forma que a Fenprof e a FNE classificam o concurso de colocação de professores.

Adriano Teixeira de Sousa, da Fenprof, revelou que surgirão poucos recursos, "apenas casos pontuais", o que não significa que tudo esteja bem, porque para amanhã têm agendada uma acção de sensibilização nos Centros de Emprego "onde milhares de docentes se vão apresentar".

João Dias da Silva, da FNE, lamenta que tantos professores tenham sido excluídos, "num país com uma grande taxa de analfabetismo, abandono e insucesso escolar, problemas que decorrem também da falta de ofertas educativas que, a existir, responderiam as estas questões e davam trabalho a muitos professores".

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