02/11/2005

O autismo em estado puro

A sindicalista Fátima Ferreira disse à Agência Lusa que a ASPL pediu a Maria de Lurdes Rodrigues a revogação do despacho que obriga os professores a ficarem mais horas nas escolas, mas a governante mostrou «renitência total», admitindo apenas «ajustamentos» ao diploma.

Fátima Ferreira afirmou que a adesão efectiva à greve vai ser discutida internamente na ASPL, mas salientou que, por enquanto, «as razões que existiam para anunciar a semana de luta, que termina com a greve, mantêm-se».

A ASPL vai no entanto ter nova reunião no Ministério da Educação, no próximo dia 11, onde irá apresentar as suas propostas na questão dos horários e dos concursos de professores, entre outros temas.

A questão dos horários é uma preocupação central da ASPL, que afirma que as condições das escolas não permitem que o tempo a mais que os professores passam nas escolas seja aproveitado.

«Os professores têm que ficar na escola sem condições para trabalhar, não há espaço nem recursos», lamenta a ASPL, que «não entende» a recusa da ministra em recusar revogar o diploma.

Sobre os concursos, Fátima Ferreira afirmou que a ministra disse que vai enviar ao sindicato um memorando com propostas, mas ressalvou que já não vai haver muito tempo para negociar, uma vez que os concursos são apontados para começar em Janeiro de 2006.

O Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP) classificou a actual situação da educação em Portugal como «extremamente crítica», considerando que só não haverá greve dos professores em 18 de Novembro se existir uma «alteração radical em termos negociais» por parte do Ministério da Educação.

«Demonstrámos a nossa visão sobre os actuais problemas da educação em Portugal, que são extremamente críticos e que estão a afectar o actual ano lectivo. O Ministério entendeu, infelizmente, que devia manter as políticas que tem aplicado», disse o secretário-geral do SINDEP, Carlos Chagas, no final de uma reunião com a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

«Queremos alunos bem preparados e com sucesso educativo, o Ministério quer uma organização tal qual como está a impor nas escolas, dizendo que por essa via vai ter sucesso», disse o sindicalista.

O SINDEP, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) marcaram para o dia 18 de Novembro a realização de uma greve nacional conjunta, para demonstrar a oposição dos docentes às medidas do Ministério da Educação, que afirmam ofender a dignidade da classe.

Os três sindicatos admitem ainda a possibilidade de convocar, no dia da greve, um plenário de professores, seguido de uma manifestação nacional.


Diário Digital / Lusa

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