16/11/2005

Licenciadas têm mais dificuldade em arranjar emprego e ganham menos

As licenciadas da Universidade de Lisboa (UL) que se formaram entre 1999 e 2003 têm mais dificuldade em aceder ao primeiro emprego do que os rapazes. E quando já trabalham acabam por ganhar menos do que eles. Não no início, mas no último emprego que declaram ter, registando-se uma diferença média de 140 euros em prejuízo das diplomadas. A média fica abaixo dos mil euros de ordenado mensal, quando, no caso dos licenciados de sexo masculino, é superior a 1100. (...)

Mas não é só no capítulo dos salários que se mantém uma discriminação mais do que constatada nas estatísticas internacionais e que parece continuar a afectar os jovens. Basta ver que 80 por cento dos que concluíram o curso entre 1999 e 2003 e que em Outubro de 2004 (data do inquérito) estavam desempregados eram raparigas. "Confirma-se a maior vulnerabilidade das mulheres ao desemprego, mesmo quando são detentoras de títulos escolares ainda raros no mercado de trabalho", lê-se no relatório realizado por Natália Alves.

(...)

Globalmente, a taxa de desemprego entre os licenciados da UL fixava-se em 2004 nos 10,2 por cento. E os cursos que mais contribuíam para esse número eram de longe os mais vocacionados para o ensino. A saber: Filosofia, História, Línguas e Literaturas. Em contrapartida, nenhum dos diplomados em Medicina ou em Medicina Dentária estava sem trabalho quando respondeu ao inquérito.


14 por cento trabalham em áreas diferentes do curso

Estes são os números médios, a situação difere bastante de curso para curso. Os licenciados em Medicina, Física, Informática e Farmácia começam desde logo a trabalhar. Direito, Filosofia, Geologia, História e Psicologia são, em contrapartida, áreas com baixa empregabilidade imediata.

Natália Alves, investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, entende que tem de se relativizar esta "aparente" degradação das condições em que ocorre a primeira inserção dos diplomados. Para a autora do trabalho, a conclusão que se pode tirar é esta: "As dificuldades de inserção dos diplomados no mercado de trabalho não devem ser sobrevalorizadas e torna-se evidente que não há razões para o "alarmismo" que, por vezes, existe na sociedade portuguesa. Não só as taxas de desemprego entre os diplomados continuam relativamente moderadas - ainda que muito desiguais consoante os cursos -, como Portugal continua a ser um dos países da União Europeia com níveis mais baixos de qualificação universitária da população."

As respostas e experiências dos diplomados deixam ainda bem claro que a posse de um diploma e a classificação final do curso continuam a ter uma importância significativa no acesso mais ou menos rápido e na "qualidade" do emprego.

Ainda que, globalmente, 23,3 por cento de inquiridos tenham tido um primeiro emprego para o qual estavam sobrequalificados, apenas nos cursos de Medicina, Medicina Dentária e Farmácia não se encontrou um único licenciado que tivesse tido uma ocupação para a qual tinha "excesso" de qualificações.

Outro dado indicativo de uma maior dificuldade na procura do trabalho está patente no aumento de cinco pontos percentuais (entre os estudos de 1994-1998 e os de 1999-2003) da taxa de diplomados que exerceram o primeiro emprego numa área de actividade totalmente diferente daquela em que se formaram e que chega agora aos 14 por cento.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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